31 de janeiro de 2011

Primorosa compleição

em teus olhos encontrei o interminável de bem estar

Estou contigo, reluzo então

Faço parte do brilho do luar



Os uivos que me oferecestes

A balbúrdia da mata

Os grilos que ressoam

A magia de tua graça



Vou te possuir

Possuo desde já

Na reminiscência incandescente que trago em mim

Renda que vejo por todo o lugar



Nesta manha de domingo

Sonhando acordado

Despertei para a beleza que te cobre A’lma



No olhar enigmático de uma incerteza no coração

No medo que me inspira cuidados notáveis

No cabelo que espero cingir...

E que puxando trago-te mais junto a mim



Sentindo tua respiração

Na tranqüilidade que me é característica

No teu receio a mística

Do teu corpo a dita de Amar



Como quero me aquecer em teu gemido

Mordiscar teu afetuoso Todo

Integrar-me com teu balé



Baila doce vestal do templo

De um lado a outro

Por todo canto

Abalando meu pulsar



Baila Isis, eterno sorriso enigmático

Corpo tão belo que me avisa a humanidade que SOU

E espero o oceano

Que será o reencontrar



Bailando sobre o mar que tão belo...

Tão belo, passa a ser notável tapete de pétalas

Por onde desliza Deusa bendita, mais que bela

Arrebatadora presença!

PRPL

O relógio entre os lobos


Sinto-me eterno em tua presença

Perecível ante tua labuta constante



Não viemos aqui a passeio

Mas devemos aproveitar o flow

Este que me trás você e leva

Este que mareia sobre meu abraçar



Vem e tento prede-la

Vai, suave, evapora e se cristaliza após



Sei que quer ter a certeza

Não tenho hora para acabar de Amar você

PRPL

30 de janeiro de 2011

Curumim Amor!


Pistis teve que topar Sophia para que Philo continuasse sendo Pistis e se engendrasse Curumim Amor
Em meio ao triste fenecimento de uma ópera
Onde o sorumbático personagem enganado, foi vexado e achatado; ao encontro com seus próprios infernos
O anseio de viver já não era mais coevo
Então surge suave flor de orquídea
Com tua forma terna presencial
Tua fácies nobre e esplêndida
Para que Liquidasse em mim
O sentido de minutar

A partir de cá são todas para ti lua nuviosa
Chamo-te assim não pela caricata palavra e sim pelo encanto que se faz opaco; acobertando Tua Alma!

PRPL

19 de janeiro de 2011

Livro - Portas - Pistis em busca de Sophia(cap I)


“Aquele que pergunta, pode ser um tolo por cinco minutos. Aquele que deixa de perguntar, será um tolo para o resto da vida.”

(Provérbio chinês)


Cap. I – Noite

Era um dia de sexta feira, estavam n’uma comunidade rural onde se realizavam estudos profundos de sabedoria, sem distinção, quer sejais de cor, credo, nível social, orientação político filosófico etc. Só podem ser explorados em meio ao campo. Arthur inicia um diálogo com teu novo amigo:

Arthur - Pistis, diga-me amigo como vê a noite?

Pistis suspira, olha ao céu estrelado e diz como que querendo abraçá-la:

Pistis – Aconchegante e misteriosa.

Arthur - Por que misteriosa, diga sobre a noite algo que me inspire estima. Não gosto da noite, ela permanece só para o descanso, amo a vida, um domingo ensolarado, um dia claro com pássaros cantando, campos, flores que refletem todo brilho...

Pistis - Também amo o sol, Arthur, mas sinta o ar que puro está a nos brindar. Não pode ser cotejada, pois são metades diferentemente iguais na balança deste universo metafísico e ao mesmo tempo simples e natural; Como o par de mãos que levamos tão iguais mesmo sendo diferentes e complementares.

Pistis ergue a vista mirando os céus e persiste com teu discurso filosófico.

Agora é hora quando Deus parece morto, e onde sinto a necessidade de me expor, como podem temer o negro céu, como se duvidassem a natureza de toda estrela, não seriam donas de luz própria? Sendo assim não estaríamos abençoados por um exército de células harmônicas que trabalham para a mesma noite? Quanto sincronismo, perfeição de um criador único que se expressa em múltiplos.

Sim, mistérios da madrugada, tão nítidos como se um manto negro apenas fosse tacado para cobrir nossas possibilidades de enxergarmos a luz máxima que esta por trás dele, mas as crianças fizeram furos com alfinetes ao que vemos estrelas[1], e assim seguimos acreditando que é menos dia que o dia.

Olha isto Arthur!

Pistis com vista mirando de um lado a outro, formando um arco, continua:

-Não vê, é a terra é uma abóboda, como se estivemos olhando de dentro do olho que se chama planeta terra. Contemplando o manto negro, à hora preferida dos enamorados.

Arthur - Ou dos loucos...

Pistis - Ta vendo, e maldizemos as sombras, como se tivessem uma natureza diferente da luz. Como se não fossem gêmeas de uma brotação, como cristais que se reproduzem no interior da terra, e reluzem apenas no dia claro, onde olhamos tudo aquilo de uma forma do acaso absurdo e inanimado, vil e sonhador dos mais científicos, matemáticos e escravos do intelecto.

Porque surgem nas madrugadas as criações mais notáveis? É que a filosofia também se enamorou das estrelas. Que segredo há ai?

Não seria a noite o útero das grandes idéias e reflexões, ou ainda a parte proibida e mais sábia de todos os poetas?

A Noite busca o Dia enquanto o Dia busca a Noite. Um encontro atemporal de almas gêmeas que nunca se tocam a não ser em um eterno segundo de Amor. Como no feitiço de Áquila[2], um angustiante e ínfimo instante onde os opostos se tocam e selam esta pororoca[3] dos antagonismos.

Bendita seja (a) noite, negra noite. Bela e cultuada pelos sábios que nelas trabalham e que nelas plantam sua semente...

Arthur estava com olhos vidrados, que foram surpreendidos pelos faróis do carro que chegou Um jovem que ali morava, e quer era constantemente motivo de enxovalhos devido há um dia ter revelado que possuía um nome espiritual e, no entanto não passava de um jovem de conduta duvidosa e falta de testosterona, se encontrava perto do portão improvisado com algumas toras de madeira, alcançou o laço de arame que prendia uma ponta pontiaguda destes pedaços de árvores e tirou-o abrindo assim passagem ao uno vermelho.

Todo o discurso foi quebrado com esta situação, com o estalido do motor e também com o abrir e fechar das portas. Do carro saíram três jovens, dois rapazes e uma moça. Um rapaz baixo, cheio de espinha no rosto e um ar de não estar nem ai para nada, um rapaz de estatura mediana, rosto pálido, semblante frustrado; como um maratonista que na reta final descobre que todos já chegaram, além de possuir um corpo esguio como se ainda esquecesse-se de comer, e uma sublime jovem.

Ela desliza seus cabelos livremente soltos, estava leve feito pluma, como pena pairam no ar, o tempo, que também se enamorou da senhorita de feições nórdica, pele branca seios que sem dúvida alguma e sem necessitar comprovação eram rosados, fartamente generosos e que pareciam querer dizer alguma coisa; sim, os seios sempre querem dizer alguma coisa. Seus olhos eram diáfanos, suas pétalas feitas lábios eram de augusto mel na expressão Briosa de sua delicadeza e formosura que remetia a qualquer um o intento de beijá-los; o tempo se estanca diante tanta formosura e encanto, e assim fica o olhar do igualmente atônito, Pistis.

Ela vestia um jeans e uma blusinha branca, simples como a brisa que entra por nossas janelas trazendo frescor e bem estar. Calçava sandálias de dedo e era tão singular que parecia de outro orbe mesmo que estivesse revestida da geração Coca Cola.

Ele esta parado. Olhar de surpresa e coração acelerado. Sentiu um tremor no corpo sem saber de onde vinha, e uma ansiedade como que diante d’uma grande festa que esperou por tempos.

Pistis abre levemente a boca e como que por asma, puxa fôlego e diz ao constatar que Jamais tivera contato nesta existência com uma mulher com tamanha notoriedade:

Pistis - O quê que minha esposa faz ali... (Quase sem som).

Era uma doce donzela. Ele a reconheceu, portadora de um par de olhos profundos que reluziam o infinito. De pupilas dilatadas que transportaram Pistis a um mundo tão conhecido a ponto de estar disposto a ir com ela onde o destino os mandar. Porque reconheceu, não sei elucidar, só sei que pareceu tão intima como se fosse consorte, a amada mulher que sempre esteve com ele, mas jamais tinham se visto com estes corpos. Se me pergunta se o retorno a este mundo de sofrimento existe realmente, não teria tanta certeza antes de ver esta reação.

Arthur - O que disse?

Pistis - Perguntei o que minha esposa faz ali? Se te falar que sei tudo dela, sei como ela é livre, sei de que tribo é proveniente (ele fazia referencia as doze tribos de Judá – signos zodiacais), mas não sei como sei, só sei que sei.

Arthur - Digníssimo, por mais belo que seja este delírio teu, não posso crer nisto. Se esta seguro porque não vamos lá e pergunta a ela?

Pistis - Perguntar o que? Se quiser ir embora comigo para qualquer lugar deste mundo? Não seria a melhor forma de abordagem...

Arthur - Não, pergunte algo que acha que já sabe da resposta, mas não se esqueça de antes me falar, assim poderei rir mais haha.

Pistis - É um desafio? Tudo bem o aceito nobre amigo. Não porque me incomoda tal dúvida tua, mas porque estou diante de uma única oportunidade, a maior que já me presenteou a vida. E tenho que ter algum contato com esta moça. Mostrarei como uma flor de tamanha excentricidade só pode ser de LIBRA.

Ela os olha conversando como se tivesse procurando algum conhecido e logo volta ao foco da historia que Breno (um dos amigos que chegaram com ela) contava.

Pistis e Arthur se aproximaram, saudaram as pessoas que ali chegaram e foram falando de coisas obvias, perguntaram de como foi à viagem, como estavam ás rodovias, quanto tempo levaram etc. Até que Pistis movido por um súbito impulso juvenil pergunta o signo de um deles. Pronto, que genial, assim entraram no ponto do diálogo que queriam. Logo foi fácil descobrir que aquela a quem tinha tirado tantos suspiros de Pistis era realmente do dia de terça feira, uma autêntica venusiana como a flor de Gaubano, a balança bendita que equilibra tudo no firmamento e desequilibra aquele enamorado.

Logo se interessam pela pergunta e foram indagando a respeito e discorreram todos por um bom tempo deste apreciado tema.

Em um único momento a sós que tiveram, dialogaram. As pupilas dela estavam dilatadas, grandes e negras como jabuticaba. Brilhavam como os olhos de criança ao ver doce. E lhe penetravam o peito levando um alívio que lhe acalmava os sentidos, como ao buscar o sol em dia frio, onde encontramos um pedacinho da rua d’onde ele esteja refletindo para nos confortar. Poderíamos ficar só naquele lugar até o anoitecer.

Jamais vivenciou sentimento tão nobre, puro e legítimo.

Sophia - Por que riu quando disse que era libriana?

Pistis - É que imaginava.

Sophia - Como assim I M A G I N A V A, ta brincando comigo não é?

Pistis - Está no teu arquétipo mocinha, delicada como uma rosa, bela e inspiradora como Pietá. És linda, por esta razão não poderia ser de outro planeta senão o do Amor. Este signo lhe confere a maior beleza do zodíaco.

Ela fica envergonhada com o ímpeto dele, não sabia se estava apenas diante de mais um dos tantos conquistadores baratos que lhe renderam elogios nem sempre verdadeiros. Um sorriso de canto de boca é impossível de segurar naquele instante. E ela sorri de cabeça baixa e logo o olha nos olhos e retoma o diálogo.

Sophia - Não vai perguntar meu nome?

Pistis - E por acaso é mais importante que contemplar-te por toda via?

Ela quer dizer algo, mas não sabe o que, parece que nada cabe naquele instante. Onde aquele estranho tornava-se tão íntimo, não como se fosse família, mas como se tivessem a mesma carne.

E ele continua:

Pistis - Não necessito saber dele linda, não importa o apelido que vos deram nesta vida, quisera eu poder provar a ti que nos conhecemos há tempos. Não me importo de onde vem, para onde vai aqui o importante é este belo presente que Deus nos brinda.

Sophia - Nossa realmente sinto aqui que o importante é o que importa. Você é uma viagem mesmo, como te chama, ou melhor, como é teu apelido? (risos)

Pistis - Me conhecem com o nome de Pistis

Sophia - E o que faz, por que elucubra tanto... Quem é você, por favor, me diga alguma coisa.

Pistis - Sou livre, pelo menos assim faço minha vida. Não tenho rumo certo, assim sempre estou onde devo estar. Estou onde me abrem as portas, procuro viver o presente...

Sophia - Nossa como assim? Você não tem casa, família?

Pistis - Minha casa é o mundo, já viu domicílio maior que o meu? Sou rico, meu pai é dono do mundo e a senhorita, qual é tua busca?

Os olhos dela estavam brilhando como que por encanto.

Ele tenta segurar teus braços com leveza, não era obvio para ninguém, mas era claro para ele. No entanto ela recua e trava-se toda. Observa-o fixamente firmando os ombros e jogando a cabeça para trás.

Sophia - Nossa, nem te conheço... Você e bruxo? Que isso...

Pistis - É cedo para se viver o presente?

Não creio. Acaso sabe quando vou te ver novamente, nem perguntei de onde veio nem para onde vai... Sei que te gosto muito mesmo sendo ilógico para tua mente que insiste em pensar com parâmetros óbvios.

Sophia - Mas Pistis, como assim, você nem me conhece...

Pistis - Aqui não, mas intuo e “a intuição é o conhecimento da verdade sem o uso do intelecto”[4].

Sophia - O que você quer de mim?

Pistis - Desculpe-me senhorita, mas quero viver ao teu lado pela eternidade. Quero segurar tua mão e nunca mais soltar... Sei que te assustas com isto, mas estou sendo o mais sincero que posso. Quero prolongar este instante por toda a vida, para que meu corpo e minha alma sempre estejam suavizados pelos teus.

Sophia - Olha estou assustada sim, acho que te atrapalharia, é muito livre e como vê isto em mim? Já pensou se nos escutam conversar... Loucos, loucos, conversa de loucos.

Pistis - E não chamaram Galileu Galilei de louco?

Sophia - Sim Pistis, mas é estranho

Pistis - Sei disso, mas não sei explicar, pois estaria dentro da linha do tempo que não conheço em ti. Por exemplo, onde moras?

Sophia - Então é, é que..., é que moro em “S” e não sei quando nos veremos.

Pistis - Me passe teu email então já que se preocupa tanto com isto. A partir de hoje estaremos sempre unidos, nos reencontraremos, não podemos ir contra o inevitável, nem tão pouco ficarmos parados diante disto.

Ela passa verbalmente de forma apreçada e ainda tartamuda, e emenda um desejo de boa noite.

Ele ri e baixa mão, ela retribui com um sorriso sem graça e uma boa noite tímido enquanto Pistis olha fixamente nos teus olhos e carinhosamente lhe deseja bons sonhos, que fique na presença de Deus.

Aproveitando da inspiração da madrugada e após ter uma conversa rápida, porém, atencioso com todos, ele entra no quarto o qual estava destinado para sua permanência ali naquela casa simples com paredes chapiscadas, daquela que não podemos dar ao luxo de escorar as mãos diante de uma queda, de cor branca já bege na maioria do corpo e levemente marrom perto do chão cinza de cimento queimado que esfriava ainda mais aquela noite, alcança uma caneta nanquim destas que encontramos em boas papelarias ou em casas de arte e artigos de engenharia, que utiliza normalmente para arte finalizar desenhos. Senta na cadeira de madeira rústica, de formas incipientes. Pega a agenda de couro negro, que continha em si uma conotação filosófica. Seja pela primeira pagina com a figura de Rodin[5] ou pelas frases e provérbios contidos a cada página. Abre na pagina 13 de julho, que estava em branco não fosse os escritos próprios já impressos em latim que diziam no canto inferior direito Qui nimium properat, serius absolvit[6], e inicia um esboço do que sente...

Anima

Conheci as trevas das trevas, desci ao abismo de dentro de mim...

Bebi do sabor do pecado, cai nas pedras da vida.

Procurei sanar meu peito, mas errei em minha escolha

Procurei-te oh Deus! Senti medo por não saber com quem andava

Aqui cheguei

Para cá regressei para ver você...

Que olhos belos que brilho intenso

Que janela é essa que mostra a pureza de tua alma?

Que leveza pluma, que mobilidade pena

Que cabelo é este que perfuma meu sentir?

Não é uma pena se não for recíproco

Quero que encontre tua metade e seja feliz

Espero-te ver sempre sorrindo

E lhe ajudar sempre que o necessite

Um amigo fiel

Uma mão que lhe auxilie.



[1] Conto repetido em forma de tradição nas primeiras sociedades cristãs.

[2] Filme onde os personagens principais foram enfeitiçados, o homem se tem lobo durante a tarde e a mulher em águia quando o lobo se transforma novamente em homem, e o que transforma em lobo a mulher em águia, e apesar de se amarem, o que conseguem ter de contato humano, é somente um toque de mãos.

[3] Encontro das águas do rio e do mar. Ocorre no rio Amazônia.

[4] Frase extraída do livro Revolução da dialética do V.M. Samael Aun Weor.

[5] Refere-se à escultura “O Pensador” encomendado pelo governo francês, em 1880. Executada por Auguste Rodin que fazia uma homenagem a Dante Alighieri.

[6] Quem adiante não olha; atrás se fica (do latim).


3 de janeiro de 2011



seria a morte de Pistis ou apenas uma incineração?